quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Poesias

Em algum lugar...


Nasceu pura
e se fez bela.
Buscou a luz
e se tornou sábia.
Aprendeu, ensinou.
Nunca fui tão amado
e nunca amei tanto!
Mas... muito jovem partiu.

    Tateei não sei quantos
    corpos, até mais perfeitos,
    com o olhar.
    Busquei em beijos ardentes
    e sondei nos mais profundos
    desejos, laços e afetos.
    Conquistei e me entreguei.
    Mas... não encontrei você.

Indefiníveis emoções
sentia a seu lado.
Imensuráveis o carinho,
a ternura, a gratidão.
Incontrolável o desejo
de amá-la de toda forma,
de todo eu, em todo o tempo,
em todo lugar.

    Vasculhei com tristeza
    as silhuetas de montanhas,
    até onde ia o pensamento.
    Vislumbrei-a na ponta da praia,
    como vê a fonte cristalina
    o sequioso no deserto.
    Busquei-a na multidão,
    recriei-a na solidão.

Você me completava.
Sentia-me feliz
por realizar-lhe
todos os desejos.
O mundo era perfeito:
riqueza, poder, o céu,
nada importava.
Apenas amá-la.

    Mergulhei nos mais
    profundos olhares,
    reconstituí-a por trás
    dos mais belos sorrisos.
    Percorri paisagens, bares,
    conquistei posição e riqueza,
    mudei crenças e ideais,
    mas... lá não estava você.

Constante paz dia a dia,
só a ansiedade
se estava ausente.
Nada, porém, impedia
voltar célere, contente,
pois que nada, ninguém,
além da saudade,
entre eu e você havia.

    As forças já se esvaem,
    em breve também eu
    terei que partir.
    Mas, se a vida nem a morte
    me devolvem você,
    nascerei de novo,
    quantas vezes for,
    e um dia vou tornar a vê-la.

    (Luiz Teodoro - 26/11/04)



Vamos viver!


Uma loucura dizer
que sou louco por você.
Uma doença querer
que você me faça feliz.
Sem você a vida segue,
mesmo que eu queira
o que você não quis.

Nada depende de nós, minha cara!
Sem você eu respiro, ainda vivo.
Sem você o mundo não para.
O tempo, o espaço, o riso, o lamento,
luta, sucesso, guerra, tormento.
Nada de Sol, a Terra, o mar, a Lua,
tudo continua...

Mais ainda o prazer de ter
e a alegria de ser.
Minh’alma busca, incessante,
conhecer a paz de saber.
As flores, as cores;
os desejos, as dores
acaso terminam?

Mas com você... ah, com você!
eu quero lutar, eu quero vencer.
Quero mais: sou forte, sou capaz!
Se não somos um, somamos dois.
Se não temos tudo, podemos depois.

Deixe o sonhador com os sonhos,
a fantasia com seus delírios.
Quero é tatear seu corpo,
Quero a demasia de querer e fazer.
Quero ouvir, dizer, tocar e ver.

Que venha pranto, tristeza e dor,
Vamos ter o sorriso franco e amor.
Vamos lutar, brincar, sofrer,
Vamos perder, ganhar, crescer.
Vamos dividir o mundo, vamos viver!

(Luiz Teodoro – setembro de 2005)


Amor secreto


Perdoe-me por insistir, depois do seu silêncio.
A fraqueza é de quem já foi subjugado pela força desse sentimento maior,
que, mais que nunca, neste momento parece me envolver e consumir por inteiro.
É noite e divago.
Olho as estrelas, distantes e solitárias como eu,
mas impassíveis e refratárias a qualquer vibração de meu ser.
Ao contrário da Lua, bela e indiscreta: ela afaga e parece compreender.
Os pensamentos vagam, indefinidos, na busca de entender os mistérios do Infinito.

De repente, a paz, que concedia alguma trégua ao espírito há muito perturbado,
desfaz-se bruscamente.
Você surge como um raio e, antes que me desse conta, apossa-se de mim.
O corpo estremece e calor intenso o percorre todo.
A sua imagem, bela, mas passiva, atrai para si toda a atenção.
Sumiram as estrelas, a paz da noite, os ruídos da avenida.
Minha mente agora é só você. Não há mais espaço para nada.
Só a Lua parece ainda compreender e fica a observar as reações dentro de mim.

Esgotaram-se as forças de resistir.
Tenho que deixar o terraço e buscar socorro em outro afazer.
Ligo a música, alto, procuro a distração.
Mas você não permite.
Parece até escolher a melodia, que me subjuga ainda mais.
Vencido, ponho-me então a escrever.
Se outro tempo fora, e você livre, empenharia todos os recursos a conquistá-la
e, quem sabe, ser objeto dos mesmos sentimentos e desejos, tal como você é.

Mas não devo teimar ante a insistência do silêncio.
Prosseguir com o segredo, partilhado tão-só com a amiga fiel e inseparável,
a solidão. É o que devo fazer?

       O doce beijo.

(Luiz Teodoro – 2001)