quarta-feira, 9 de março de 2016

Salvação, redenção... ou educação?


            Desde tempos imemoriais até os dias de hoje, nossas religiões pregam à Humanidade a salvação da alma ou espírito como a meta final.
            De que modo, porém, podemos entender isso?
            Salvar traz implícita a ideia de algo ou alguém que está condenado ou exposto a uma situação de alta periculosidade, sem recursos próprios para escapar. Um prédio em chamas, um tsunami, um terremoto, uma epidemia, uma guerra, um cativeiro...
            Será mesmo esse o nosso caso?
            Será ainda o pecado original de nossos ancestrais, os quais nunca conhecemos? Nesse caso, não poderiam eles ter sido alvo de compaixão, misericórdia, perdão, mesmo após tanto tempo, mesmo se considerarmos a ignorância, a inocência?
            Não posso acreditar que Deus, em sua absoluta sabedoria, bondade e amor, nos tenha criado simples e nos colocado numa situação dessas... e, incoerentemente, depois, muito tempo depois, resolvido enviar ao planeta “seu único filho”, submetendo-o aos piores flagelos, ao sacrifício até a morte, para nos resgatar!
            Quando enviamos nossas crianças à escola e exigimos delas que estudem, que restrinjam seu tempo de folga e brinquedos, que renunciem a diversões e prazeres, que obedeçam a regras e respondam por seus atos, não as estamos condenando ao sofrimento, ou castigando-as por não serem como gostaríamos que fossem, mas preparando-as, educando-as, direcionando-as para um futuro melhor, com mais conforto, bem-estar e felicidade!
            A criança, por ser simples e ainda ignorante, não compreende nossos planos; se a amamos, contudo, confiará em nossos propósitos.
            Os pais perdoam, renovam as chances e oportunidades, insistem, sofrem com a displicência ou o comodismo dos filhos, com seus desvios e teimosia; se os amam, no entanto, não os abandonam, não desistem.
            Se os humanos, imperfeitos, degredados filhos de Eva, agem dessa maneira, que poderíamos esperar de Deus? Se cremos nele a inteligência suprema, o infinito amor?
            Certamente, nossos conceitos e entendimento acerca da vida e do projeto divino para a Criação carecem de mais cuidadosa análise e discernimento.
            As religiões se narcisaram. Esqueceram-se de que também elas envelhecem e, a menos que acompanhem o processo de evolução, atualizem seus conceitos, desapeguem-se dos velhos dogmas e compatibilizem suas estratégias de comunicação com a nova aptidão intelectual de nosso tempo, estarão fadadas a apenas compor os arquivos da História, cedendo o lugar aos novos faróis que reflitam com mais intensidade a luz do verdadeiro conhecimento que se aproxima, irrefreável, desvendando os segredos da natureza humana e divina, sem “mistérios”.
            O planeta é nossa escola, sem dúvida! O lugar onde aprendemos, realizamos exercícios e provas, e somos submetidos a exames ao final de cada vida.
            O currículo é extenso, com matérias inegavelmente difíceis: humildade, tolerância, perdão, paciência, renúncia, solidariedade, cooperação... amor!
            Recursos em abundância, porém, não nos faltam. Fontes, as mais diversas, estão ao alcance de qualquer nível de entendimento. Mestres em todos os tempos, nos ensinando na prática – o maior deles, Jesus, além do ensino, dedicou toda a sua vida a nos servir de modelo!
            O livre-arbítrio nos permite ficar em DP – uma, duas, quantas vezes quisermos –, mas teremos que capitular. Prosseguiremos com o curso, porém teremos que resgatar o aprendizado que menosprezamos, pagando o preço justo pelo tempo desperdiçado; sendo os mais renitentes submetidos a provas mais difíceis.
            A meta final é a perfeição = a felicidade.
            Não há pressa. A eternidade se renova a cada dia. A misericórdia do Criador também!


                                                                    Luiz Teodoro – março de 2016

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