Todos nós
vivemos hoje numa atmosfera de ansiedade, insegurança e dúvidas, tanto em nosso
foro íntimo – quando refletimos sobre nossas limitações, quando sentimos
frustração por não conseguirmos realizar nossos desejos e quando nos percebemos
incapazes de mudar as circunstâncias – quanto na convivência nos grupos sociais
a que pertencemos, quando somos incompreendidos ou não são atendidas nossas
expectativas.
No entanto, pouco
fazemos para que essa sensação mude a nosso favor. Seja por falta de vontade e
iniciativa, seja por medo, nos acomodamos a essa situação e construímos uma
rotina de sobrevivência em que suportamos a insatisfação e procuramos compensá-la
com alguma forma de prazer, na maioria das vezes apenas dos sentidos: comida, entretenimento,
sexo...
Falta-nos,
portanto, reagir de alguma forma e decidirmos mudar essa condição, buscando alternativas
para uma vida melhor.
Como reflexão,
proponho primeiramente fazermos uma análise de nosso modo de viver e procurar diagnosticar
nossa insatisfação.
Aliás, podemos
começar por entender o significado de “satisfação”. “Satis” vem do latim e quer
dizer “bastante”, “suficiente”; e “fação” vem de “fazer”. Então, satisfação é
“fazer o bastante, o suficiente”, SACIAR-SE, completar-se.
Nós todos temos
a ansiedade por se satisfazer, por se completar. É o instinto pela perfeição em
nós! Estamos constantemente nessa busca, pela posse de coisas, nos
relacionamentos com as pessoas, na curiosidade por descobertas, nas aventuras.
O caminho para
nossa análise mais indicado, tanto pela psicanálise como pela filosofia, social
e espiritualista, é voltar-se para o autoconhecimento: precisamos descobrir
quem somos e o que estamos fazendo aqui.
Quando viemos a
este mundo, não trouxemos nada de material além de nosso corpo, nu, e
tão-somente uma bagagem* associada a nossa inteligência – algum conhecimento, instinto,
intuição –, que vamos abrindo e de cujo conteúdo vamos fazendo uso ao longo de
nossa existência.
Mais do que um
símbolo, devemos entender essa condição de modo racional: aqui na Terra
encontramos à disposição tudo de que precisamos para, com o emprego dos
recursos intelectuais que nos são natos, realizar nosso projeto de vida,
atingir os objetivos para os quais nascemos.
Um fato importante do qual devemos nos lembrar sempre é que, ao nascermos, entramos num mundo que já existe, com toda a sua complexidade, seus problemas e seus progressos, seus padrões e níveis éticos, morais, culturais, enfim, seu estágio atual de desenvolvimento. Portanto, o mundo não vai se adaptar a nós; nós é que temos que nos adaptar a ele!
Um fato importante do qual devemos nos lembrar sempre é que, ao nascermos, entramos num mundo que já existe, com toda a sua complexidade, seus problemas e seus progressos, seus padrões e níveis éticos, morais, culturais, enfim, seu estágio atual de desenvolvimento. Portanto, o mundo não vai se adaptar a nós; nós é que temos que nos adaptar a ele!
Alegoricamente,
é como se entrássemos numa estação e embarcássemos num trem que vem de muito
longe e que vai para um destino também muito distante. Aparentemente, não
conhecemos seus passageiros nem o percurso de sua viagem até nossa estação. Durante
um determinado período em que estaremos juntos nessa aventura, vamos descobrir
muitas coisas, estabelecer relacionamentos, interagir, fazer escolhas, definir planos
e metas, aprender, criar e realizar. Depois, desceremos em outra estação mais à
frente. E o trem seguirá seu destino, recebendo e desembarcando viajantes,
durante todo o tempo e ao longo de toda a sua trajetória.
Desse modo, com
que justificativa vamos julgar e rejeitar esse cenário cheio de vícios, violência
e corrupção que encontramos e que nos assusta? Afinal, “pegamos o bonde
andando...”! Numa visão naturalista, não fizemos parte de sua construção, de
sua história...
A primeira
conclusão, então, a meu ver, é de aceitação. Restam-nos, depois, algumas poucas
alternativas: ou nos resignamos, nos conformamos ou, então, nos disponhos a contribuir
com nossos recursos para melhorar este nosso mundo, enquanto nele estivermos!
Por outro lado,
precisamos mudar nosso ponto de vista, ampliar nosso foco e olhar, sem
preconceitos, para a realidade a nosso redor: não é tão triste e desalentadora
como parece. Há muita coisa acontecendo de positivo, que denota desenvolvimento
em todos os setores, aperfeiçoamento de instituições, conscientização e combate
à corrupção e à imoralidade, pesquisas e inovações na tecnologia, nas ciências,
na busca constante pela qualidade de vida.
Com a
globalização, o totalitarismo dos regimes políticos e o extremismo das
instituições religiosas estão sendo expostos e combatidos – já estão ruindo e, a
menos que mudem, estarão fadados a logo desaparecer, cedendo lugar para sistemas
mais coerentes com a liberdade, a justiça e a igualdade. Hoje são criados
mecanismos de defesa individuais e de grupos, como a criação dos Direitos
Humanos, os códigos em defesa da mulher, da criança, promovem-se fóruns e
congressos em todo o mundo para discussão de assuntos de interesse de toda a
humanidade...
Claro que falta muito, mas quanto tempo a Humanidade levou para chegar ao ponto em que estamos? Basta compararmos nossa situação hoje com a Pré-História, com a Antiguidade, com a Idade Média e vemos um relativo, mas enorme progresso.
Claro que falta muito, mas quanto tempo a Humanidade levou para chegar ao ponto em que estamos? Basta compararmos nossa situação hoje com a Pré-História, com a Antiguidade, com a Idade Média e vemos um relativo, mas enorme progresso.
Uma vez que
passamos a fazer parte deste planeta, assumimos a responsabilidade pelo que
acontece com ele, nas esferas de nossa atuação: família, comunidade, cidade,
Estado, País...
Sabemos que a
transformação individual influencia a coletividade, mental, social e moralmente.
Respiramos numa atmosfera de energias, fluidos, os quais compartilhamos e com
eles interagimos. Somos a todo momento influenciados por essas emissões de
pensamento e sentimento e influenciamos também com nossas vibrações psíquicas.
Mudando nosso modo de pensar e agir, sintonizando o individual e o coletivo,
estaremos cooperando para um mundo melhor.
Lidamos com
valores, conceitos, crenças, as mais diversas, de conformidade com o histórico
de aprendizado, experiência e cultura de cada pessoa. Como decorrência, nos
confrontamos com disparidades nos modos de compreender e assimilar fatos, ideias
e conceitos, dando origem a diferentes níveis de consciência.
As mentes mais
esclarecidas – porque pensam, pesquisam, estudam – sentem-se indignadas, constrangidas
com nossa paisagem social e suas perspectivas, sendo-lhes exigidas altas doses
de tolerância, paciência e compreensão.
As mentes
indiferentes ou acomodadas, por sua vez, em geral vivem a reclamar direitos, e
atribuem aos outros, aos sistemas, ao governo toda a sua insatisfação e sofrimento.
Elegem ídolos, em todos os campos, para os quais transferem os atributos que não
encontram em si mesmas. Quando são tocadas por conceitos religiosos ou
políticos, depositam suas esperanças em um salvador, um novo messias, ou um
super-herói.
E nós, a que grupos pertencemos?
Temos que definir nosso papel nesse contexto. E vivê-lo. Cada um com sua capacidade, seus recursos, seu talento. Lembremo-nos do que disse Madre Teresa de Calcutá: “Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota.”
E nós, a que grupos pertencemos?
Temos que definir nosso papel nesse contexto. E vivê-lo. Cada um com sua capacidade, seus recursos, seu talento. Lembremo-nos do que disse Madre Teresa de Calcutá: “Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota.”
As grandes
transformações ficam para as mentes brilhantes que de tempos em tempos aparecem
entre nós, impulsionando o desenvolvimento coletivo: Hamurabi, Moisés, Lao Tsé
Tung, Confúcio, Sócrates, Buda, Jesus, Eistein, Ghandi e tantos outros, antigos
e recentes.
A Humanidade
vive ainda em sua infância. Até sua maturidade há um longo caminho para ser
percorrido.
A verdadeira
democracia, a liberdade, a justiça não são sonhos, são metas que um dia seguramente
vamos alcançar. “Liberté, Egalité, Fraternité”, “Ordem e Progresso” e tantos
outros ideais são pontos na linha do tempo que já vislumbramos nos patamares
mais altos de nossa ascensão...
Confio no Grande
Arquiteto, imaginado por Eistein, e em seus Engenheiros que executam
a grande obra do Universo.
a grande obra do Universo.
Da Gênese ao
Apocalipse estamos vivendo um longo capítulo. Depois a História continua... Bem,
mas é cedo para pensarmos a respeito!
*Essa
bagagem, para mim e para cerca de 4 bilhões de pessoas no planeta, são
aquisições de vidas anteriores. Acreditamos que, sim, subimos e descemos em
várias estações na grande viagem e participamos de toda a História. Nas
sucessivas incursões neste globo, construímos impérios e os destruímos.
Deixamos testamentos de riquezas e de misérias que nós mesmos herdamos.
É tempo de despertarmos e nos conscientizarmos de que nós é que construímos o mundo que queremos. Cabe a nós educar nossas mentes e legar às próximas gerações os fundamentos de um mundo melhor, no qual, indubitavelmente, voltaremos a habitar em breve.
É tempo de despertarmos e nos conscientizarmos de que nós é que construímos o mundo que queremos. Cabe a nós educar nossas mentes e legar às próximas gerações os fundamentos de um mundo melhor, no qual, indubitavelmente, voltaremos a habitar em breve.